Uma esperança para os pacientes que, até então, não tinham opções para barrar a paralisia física e a degeneração cognitiva causadas pela doença
05/04/2017
Uma boa notícia para quem sofre de esclerose múltipla: a agência americana de saúde (FDA) aprovou o uso da substância ocrelizumabe para tratar duas formas da doença, a primária progressiva e a remitente recorrente.
Esta é a primeira droga aprovada para tratar a forma progressiva da esclerose – uma esperança para os pacientes que, até então, não tinham opções para barrar a paralisia física e a degeneração cognitiva causada pela inflamação crônica.
A aprovação se baseou em três pesquisas publicadas recentemente no periódico científico New England Journal of Medicine. O ocrelizumabe obteve os resultados mais notáveis em testes com pacientes com esclerose múltipla recorrente: reduziu as atividades dos marcadores da doença e barrou a progressão da inflamação com poucos efeitos colaterais.
Apesar de as pessoas com esse tipo de esclerose terem algumas opções de terapia, muitas das drogas mais eficazes contra a doença demonstram efeitos colaterais significativos. Já nos portadores que apresentam a forma mais grave, a esclerose primária progressiva, a droga apenas diminuiu moderadamente a degeneração.
O ocrelizumabe, que será comercializado pelo nome de Ocrevus, funciona como um anticorpo que será injetado nos pacientes a cada seis meses para barrar uma classe de células imunológicas, conhecidas como células B. Quando essas células estão funcionando normalmente elas ajudam o corpo a combater infecções. Quando estão desajustadas, porém, contribuem para danificar o sistema nervoso central, desempenhando um importante papel para a progressão da esclerose.
A substância estará disponível no mercado americano em duas semanas e será vendida pelo Genentech, um braço do laboratório farmacêutico Roche, por US$ 65 mil – valor salgado, mas 25% mais barato que o Rebif, outro medicamento menos eficaz que o Ocrevus.
Os resultados e a aprovação são motivos de comemoração na comunidade científica. “Eu vejo isso como um grande passo. A magnitude dos benefícios que percebemos com o ocrelizumab em todas as formas de escleroses são realmente impressionantes”, afirma Stephen Hauser, presidente do departamento de neurologia da Universidade da Califórnia e líder do comitê que supervisionou os testes de aprovação.
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica que acomete o sistema imunológico. Acontece quando as células de defesa do organismo atacam o sistema nervoso central, provocando dificuldades motoras e sensoriais. Apesar de estar sendo estudada em vários países, as causas da esclerose ainda não são conhecidas. Mas, a partir de análises quantitativas de pacientes, sabe-se que é mais recorrente em mulheres jovens, entre 20 e 40 anos, e de pele branca.
A esclerose múltipla ainda não tem cura e os principais sintomas são fraqueza muscular, dores nas articulações, alterações na coordenação motora, depressão e disfunções na bexiga e no intestino. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla(ABEM) estima que 35 mil brasileiros convivam com a doença.